Ilmo Sr. Capitão de Fragata
Luis Antônio Anídio Moreira
Ilhabela, 30 de janeiro de 2017
Reportamo-nos, através desta, em agradecimento por nos receber com total
atenção e profissionalismo em reunião ocorrida em data de 18 de janeiro de
2017, nas dependências da Capitania dos Portos, com a participação de
Vossa Senhoria e o Capitão Roberto, onde pudemos uma vez mais descrever
nossos anseios e preocupações com referência a ocupaçao dos pontos de
fundeio localizados na parte sul do canal de São Sebastião e Ilhabela, mais
precisamente defronte a praia do Curral, por ocasião das paradas por longos
períodos de navios petroleiros antigos, como exemplo dos navios Piraí e Pirajuí.
Fato é que esses navios petroleiros produzem barulho, de forma intensa e
ininterrupta, diminuindo sobremaneira a qualidade de vida das pessoas que
são afetadas diariamente com esse problema, pois esses antigos navios
mantém os seus geradores ligados permanentemente, e com isso acarretam
doenças e as pessoas acabam por se mudar da região, se moradores, ou
nunca mais retornar, se turistas, chegando ao ponto de não suportar tamanha
“agressão” sonora, visual e ambiental. O barulho causado por esses antigos
geradores é o ponto principal, mas a perturbação visual, a longo prazo,
também influencia demasiadamente essas decisões, pois essas pessoas vêm
para essa região e se deparam com esses problemas e suas consciências
estão com a reação de não mais retornar. Os brasileiros podem até se orgulhar
desses navios petroleiros, mas os estrangeiros desejam encontrar uma natureza
saudável ao vir para o Brasil, e esses navios são extremamente agressivos ao
meio ambiente, por isso pedimos que não ocupem mais os pontos de fundeio
localizados no interior do canal da região sul de São Sebastião e Ilhabela. O
fundeio de navios fora do canal é comum em outras regiões do mundo, onde
autoridades estão conscientes quanto aos problemas e cuidado para com a
costa. A perturbação visual a longo prazo afugenta turistas estrangeiros, que
não mais retornam ao país por conta desses infortúnios. Estrangeiros esses que
são importantes para a indústria turística do Brasil e por isso pedimos que esses
pontos de fundeio dentro do canal não sejam ocupados, e que os navios
sejam deslocados para a sua área externa. O decreto que organizou o porto
ratificou todos esses pontos de fundeio, tendo sido assinado pelo presidente
Lula no ano de 2007. A Marinha, juntamente com a Transpetro e Cia. das
Docas, cumpriram o quanto descrito no referido decreto, mas verificamos que
não houve uma preocupação futura ou cuidado a longo prazo quanto a
preservação da nossa região.
De se destacar que a época da exploração do petróleo está se extinguindo e
acreditamos que esta riqueza não subsistirá por mais algumas décadas, advindo outras formas de energia, pois o petróleo não será eterno. Deste modo, temos que cuidar da nossa região para as próximas décadas e futuras gerações.
Apelamos, uma vez mais, para que não ocupem os pontos de fundeio
localizados no interior do canal, e que esses grandes navios petroleiros sejam
direcionados para fora da costa.
Somos a favor da ampliação do porto, mas de um porto sustentável, não um
porto gigantesco, este é necessário se concentrar em outras regiões que
possuem estrutura para isso. Os royalties não subsistirão por muito tempo. A
longo prazo tudo se destruirá, quase que para sempre, e nesse momento essa
região se tornará repleta de indústrias, porque esse é o resultado de grandes
portos: mais e mais indústrias, e indústrias indesejáveis. Isso será fatal!
Informamos a Vossa Senhoria que esses navios petroleiros não afetarão
diretamente a nossa empresa, pois somos criativos e inovadores, e
sobreviveremos criando conceitos diferentes a longo prazo, conceitos de
qualidade, exemplo de nossas portas e janelas antiruídos, mas temos dúvidas
se outros comerciantes e/ou empresários conseguirão manter um nível
desejável para esta região. Ratificamos que não somos contra a ampliação do
porto nem da ampliação do terminal da Petrobrás. Esses novas e gigantescas
embarcações de containers, quase que o dobro das maiores
embarcações/containers do momento não possuem futuro no município de
São Sebastião/SP. Atualmente o Brasil precisa explorar petróleo, por isso somos
favoráveis a ampliação do terminal da Petrobrás, mas é necessário que
utilizem o canal somente para o trânsito e não com um estacionamento de
navios.
Permaneceremos na nossa luta para que se “inutilizem” esses pontos de
fundeio de dentro do canal e tenhamos um futuro promissor para esta região e
gerações futuras. Buscaremos outras alternativas para a defesa desse pleito,
requerendo a mudança desses pontos de fundeio para a parte externa do
canal, mas temos conhecimento das dificuldades que encontraremos pelo
caminho, pois o processo é complexo e com certeza demandará muita
energia e tempo, mas permaneceremos em nossa luta, e até que alcancemos
a nossa vitória necessitamos de autoridades conscientes para ajudar a região
e gerações futuras.
Certos de poder contar com a vossa habitual atenção, despedimo-nos.
Atenciosamente
DPNY Beach Hotel & SPA
Ilhabela/SP